domingo, 3 de agosto de 2008

Números e mentiras do PT de Lula


Em 1993, eu estava a trabalho em Campo Grande (MS), quando escrevia sobre economia para o jornal Diário da Serra, dos Associados. Naquela época, a inflação brasileira estava perto dos 60% ao ano, após o longo período de caristia acima dos 90% ao ano herdados pelos caóticos planos do governo Sarney. Eras dias de expectativa sobre uma nova sigla que se incorporava à vida nacional. A URV -Unidade Real de Valor- que trazia para o universo econômico civilizado preços e tarifas em URV, paralelo aos inúmeros zeros do cruzeiro novo. Lojas, supermercados,bancos, todo o país testava um novo plano que viria uns oito meses depois,em julho de 1994. Quem quisesse pagar e se manter fora da URV trafegava pela inflação. Quem optou pela URV vivia em um universo paralelo de contos de fada.
Ora, que tolo permaneceria alí. Fiel à inflação e ao velho mundo das tablitas, cortes de zeros, etc? Este tolo era o PT. O PT de Lula, dos mercadantes da vida, das Idelis, dos Dirceus. Eram críticas, oposição pela oposição. Coisa de gente e política opaca. Enquanto isso, o mundo aplaudia um grupo de economistas que, com um modelo inovador, não precisava bloquear contas bancárias, nem confiscar a poupança alheia. Era gente séria, guiada por Pedro Malan.
E veio o real. E veio a política monetária, usando o controle da moeda de forma independente, com o BC Livre. Só os tolos não queriam o BC Livre. E o PT foi este tolo. O PT de LUla, dos Mercadantes...Enquanto cães ladravam,a caravana seguia. A política de juros pôs sim um freio na economia. Mas, ou se continha um falso crescimento alimentado de inflação naquele momento, ou se freava o ônibus para arrumar os passageiros. E olha que não eram poucos. A Fiesp, de Mário Amato,amava a inflação. A Autolatina da Anfavea amava a inflação. O PT, claro, também. Sem quadros competentes, era difícil para aquela legenda buscar novos discursos que inflamassem os tolos. E ois tolos eram do PT. Era a CUT - que nasceu nos anos oitenta e se consolidou sugando na veia dos sindicatos e gerando uma nova elite dominante entre dominados:os supersindicalistas. Lula não estava no Congresso para discutir e opinar sobre os novos rumos do país. Não aceitava ser parlamentar. Queria ser presidente. E amava a inflação. Sem ela, seu bla,bla,bla de porta de fábrica era um vazio só. Por isso perdeu três eleições.
Eram dias de esperança. A economia parecia ter tomado rumo. O real era uma moeda forte. Mas, faltava liberdade ao câmbio. Ele vivia sistemas de banda. Fixo, engessado, a servilço de ninguém. Nossa economia ainda estava presa a um cordão umbilical frágil. O mesmo câmbio Fixo que iludiu e levou à bancarrota economia argentina sobrevivia no Brasil. Desastrosamente liberto por Chico Lopes e seu grupo, em 1997.
Mas, enfim, livre. O Brasil transitava entre as crises tequila, tango, asiática, mas se modernizando. Asselerávamos as privatizações. Deixamos de usar o dinheiro do povo para pagar aos marajás que dominavam e corroiam a Companhia Vale do Rio Doce, hoje Vale e a CSN. Começamos a deixar de pagar até dois mil reais para ter um celular. Veio a privatização das teles e os pré-pagos, que se multiplicam até hoje. O zé povão já podia falar e ser ouvido enquanto enfrentava os ônibus que o levavam e trazia do e para o trabalho. Veio a Internet...enfim, um mundo novo.
Estávamos em 2003. O mundo em convulsão econômica. O Brasil amargando crescimento de pouco mais de 2% no PIB e com poucas reservas em caixa. Coisa de uns US$ 30 bilhões.Dinheiro que não aguentaria três dias de ataque ao real. E vieram as eleições. E veio o PT. O PT de LUla, dos Mercadantes, da CUT... uma festa.
Ao ser surpreendido com a vitória nas urnas, Lula olhou para seus quadros e não viu muita gente a ser aproveitada. Não confiou a economia ao Mercadante, talvez por não confiar nele. Preferiu o médico Palocci. Mas não mexeu no BC. Sabia que se usasse o BC como aparelho não chegaria ao segundo ano de governo sem quebrar o país. E Palocci fez o que tinha que fazer. Deixou a economia para os técnicos colocados lá pelo antigo governo. Os verdadeiros pais da estabilidade. O mundo e as incertezas mudaram de cor. As crises externas se foram. Os primeiros quatro anos de governo do PT também. O crescimento ainda beirava os ridículos 2,5%. Manter as coisas como estavam era a única coisa que os quadros petistas sabiam fazer. Nada de ousadia, pois a chance de dar errado era enorme. Como garantir crescimento sem inflação? com investimentos maciços em infra-estrututa? Bastava permitir e aprovar no Congresso uma ampla reforma fiscal, tributária e administrativa. Reduzir gastos e permitir que o capital fizessa a sua parte. Só os tolos não viram. E os tolos foram o PT do Lula, dos Mercadantes, do mensalão, dos aloprados. Hoje o país trafega próximo aos 4% de crescimento do PIB, conseguiu gráu de investimento, soma quase US$ 200 bilhões em reservas e parece tudo bem. Mas, não está.
Do Brasil da URV e da economia que descrevi no Diário da Serra aos dias de hoje, de CBN e de Guido Mantega à frente da Fazenda, pouca coisa mudou. Poucos investimentos em educação, saúde, infra-estrutura. Nem uma reforminha tributária. E a inflação se mantém à espreita. Olhos atentos na gastar sem fim de um governo, que mantém como curral eleitoral os reféns das "bolsas miséria", sem porta de saída. Reformar política, com o fim do voto obrigatório? nem pensar. Deixar esse povo idiota perceber que se não for às urnas é o mesmo que dizer não? jamais. Reduzir ainda mais o estado para o bem da nação? oh louco meu! nem em São Bernardo. Bom mesmo é usar a Petrobras para financiar livros do amigo repentista do Lula, para que ele se torne personagem de cordel. Qual foi a participação efetiva de Lula e do PT para a economia do país? Não ter feito nada para atrapalhar o BC. E qual a participação do Lula e do PT na ameaça de volta da inflação? Gastos, gastos, gastos. Só os tolos não vêem. E ainda dizem que "nunca na história desse país"... E quem diz? o PT do Lula, dos Mercadantes, dos Gabriellis, dos Elvios Gaspar. Bom...por falar em Elvio Gaspar e BNDES, fica para outro artigo, pois é hora de almoço e pode não fazer muito bem.